
25 out O NOVO RESTAURANTE DE LISBOA QUE TEM TUDO PARA SER O MELHOR DO ANO
Chama-se Optimista, tem um unicórnio como mascote e inúmeras obras de artes
Seria clichê se disséssemos que fomos atendidos com otimismo. Afinal, era o mínimo que esperávamos de um restaurante chamado Optimista, assim mesmo, com “p” e com desrespeito pelo Acordo Ortográfico.
Otimista é aquele que tem o costume de achar que tudo é ou resultará o melhor possível… e assim correu o jantar no novo restaurante de Lisboa que tem um unicórnio verdadeiro (vá lá, meia verdade) e obras de arte por toda a parte.
O restaurante fica na Rua da Boavista, ao Cais do Sodré, e para já, está ainda naquela inovadora fase da restauração poliglota que dá pelo nome de soft opening.
Foto: Manuel Manso
De todas as mesas têm-se uma visão privilegiada de Pureza, o unicórnio que não passa indiferente por quem adentra o salão. Pureza é uma égua branca, única, que havia morrido em Espanha, e entretanto, quando chegou a Lisboa encomendada pelos proprietários do restaurante, foi logo transformada numa obra de arte pelo taxidermista João Fernandes. A ele, coube realizar o processo de taxidermia (empalhamento) e colocar-lhe um corno que viria a transformá-la, de facto, num legítimo unicórnio. Lindo de se ver!
O Optimista surgiu de uma parceria entre 4 amigos que costumavam realizar jantares frequentes em suas casas. Cláudia, Filipe, Rita e José, num belo dia, pensaram: porque não tornarem as suas jantaradas, públicas. E assim o fizeram. Criaram um conceito em que todos se revêm e partilham: “o otimismo é a melhor receita”.
O AMBIENTE
Uma antiga loja de ferragens foi transformada num dos restaurantes mais simpáticos de Lisboa. Estruturalmente, tudo foi mantido, desde o chão até o pé-direito alto.
O espaço é intimista, pequeno mas muito aconchegante, como se fosse uma extensão da sala de jantar dos proprietários. Aliás, são os próprios que lá estão para receber e atender os clientes, de forma tão simpática e atenciosa, “optimista”, que fazem daquele sítio algo especial desde o primeiro momento em que lá se põem os pés.
Foto: Divulgação
As paredes brancas com lambrim em pedra e reboco largo foram intervencionadas com finíssimos traçados de pincel com tinta preta e desvendam, como que por magia, figuras abstratas de animais e outras formas que as pessoas podem sentar-se a adivinhar enquanto degustam a comida.
Nomes como os dos artistas brasileiros Márcio Vilela e Renata Cruz, assim como dos portugueses Valter Ventura e Manuel Caeiro contribuíram para a decoração, com quadros e outras obras dispostas por todo o espaço, até mesmo nas casas de banho. Tudo se funde harmoniosamente naquele ambiente que transpira arte e tem uma atmosfera, digamos assim, mística.
A EMENTA
Uma cozinha portuguesa de autor – ou melhor, de autores, pois são dois os chefs que lá trabalham – com toque de cozinha asiática, passando pelo percurso das descobertas do ocidente para o oriente é o que pode ser degustado no Optimista.
André Andrade (Rabo d’Pêxe e Insólito) e Pedro Correia (DOC, do Chef Rui Paula) são quem estão à frente da cozinha do Optimista. E o fazem com maestria e sem grandes pretensões, talvez por serem tão jovens e otimistas quanto os sócios. André teve influências da avó e gosta de recriar as memórias da infância.
Croquetes de rabo de boi, 6 €. (Foto: Manuel Manso)
Um couvert simples, mas delicioso, de pães variados, manteiga de cogumelos, molho do bulhão pato, azeitonas (3,50 €) é o prenúncio da boa mesa e da comida genuína do Optimista.
Para entradas, ou para ir picando, um ceviche de favas (6 €) com frescor e sabor únicos; umas pataniscas de polvo com pickle de cebola roxa (6 €) tão estaladiças e saborosas; e uns croquetes de rabo de boi com maionese kimchi à portuguesa (6 €), surpreendentes e sequinhos, que se desmanchavam na boca.
Peixe do dia, 16 € (Foto: Manuel Manso)
Nos pratos principais, peixe do dia com puré de couve flor e bacon, feijão verde salteado e couve kimchi à portuguesa (16 €), cabeça, tronco e membros, que traz bochecha de porco, entrecosto e jus de chispe, alho francês, aipo em duas texturas, cogumelos shimeji e espinafres (16 €), ou ainda o ensopado do mar, com bacalhau, alho, coentros, dashi, alho francês, algas kombu e ovo escalfado (12 €); excelentes apostas para um jantar ou almoço memorável.
Ensopado do mar, 12 € (Foto: Manuel Manso)
Nas sobremesas há leite creme de jasmim queimado no momento (4 €), maçã caramelizada em cesto de massa brick com gelado e butterscotch (5€), e ainda o bolo de chocolate da Pureza (5 €), com duas texturas, servido com gelado de beterraba, uma combinação tão improvável quando espetacular. Difícil eleger a melhor…
Sobremesas gulosas
E já agora, são dois cafés, se faz favor (café italiano Illy, 1,30 €).
OS DETALHES
Tudo lá é muito cuidado: desde a loiça Costa Nova até os talheres Herdmar, no Optimista os detalhes fazem mesmo toda a diferença. Assim como o serviço, impecável!
E assim se faz um restaurante fancy, no entanto, despretencioso, com uma “comidinha honesta”, num lugar incrível e diferente de todos os outros restaurantes da cidade; e sem fundamentalismos. Apenas arte, óptima comida e simpatia q.b.
Ah! Quanto às obras de arte, estão todas a venda. Exceto Pureza.
Optimista
Rua da Boavista, 86 (Cais do Sodré) | Reservas: 21 346 0629 | facebook.com/restauranteoptimista
No Comments