
15 dez REYNALDO GIANECCHINI E RICARDO TOZZI EM OS GUARDAS DO TAJ
A história, baseada numa das muitas lendas que cercam o Taj Mahal, conduz-nos de uma forma brilhante a explorar a trama e a questionar conceitos como a amizade, a beleza e o dever
Por: Guilherme Zagolin
Sempre criamos expectativas quando vamos ver um espetáculo de teatro novo, principalmente quando conta com a participação de atores renomados, com “Os Guardas do Taj” não foi diferente. A peça é baseada no livro de mesmo nome de Rajiv Joseph de grande sucesso, que fala da obediência cega por ordens que vem de cima e também sobre amizade. Dirigida por Rafael Primot e João Fonseca, conta com a interpretação de Reynaldo Gianecchini e Ricardo Tozzi.
A história é uma tragicomédia que se baseia em dois soldados que protegem e acompanham a construção do Taj Mahal, ambos com personalidades diferentes assim como objetivos e comprometimentos, porém são muitos amigos. Durante o decorrer da história, devido a ordens superiores a amizade é colocada em jogo, colocando ambos em uma situação delicada e decisiva para continuidade de suas vidas.
Deixando a história de lado para não escrever nenhum spoiler, preciso reforçar pontos muito bons da peça e também alguns contrapontos que possam lhe ajudar na hora de ir ao teatro decidir se irá ou não investir 25 euros nessa peça.
A música e sonoplastia merecem destaque, estão bem selecionadas e aplicadas, conseguindo dar mais emoção e intensidade as cenas, assim como o trabalho de luzes e projeção, itens que colaboram muito para transmitir os sentimentos propostos pelo espetáculo. Nesse quesito o ambiente contou com uma dose forte de tons quentes, como o vermelho e o laranja, deixando assim a história mais densa e dramática. A mudança das cores em determinados momentos do espetáculo foram fundamentais para permitir a plateia acompanhar os flashbacks contidos na história.
Outro ponto forte foi a cenografia, que com apenas três paredes móveis de madeira, conseguiram representar diferentes lugares e ainda as utilizaram como meio de fazer algumas projeções que ficaram sensacionais. Também preciso relevar aqui o trabalho de palco dos assistentes, que conseguiram fazer as mudanças de cenário sem nenhum pormenor.
Porém como nem tudo são flores, precisamos ressaltar a falta de continuidade da peça, talvez pela história ser longa e acronológica, a transições de cena ficaram com pouca ligação deixando assim difícil acompanhar a história. Os atores também pecaram um pouco, pois apesar de ser visto claramente a intimidade e amizade de ambos em palco, eles nos deixam a desejar na interpretação, muitas vezes não alcançando as expectativas para as cenas.
A personagem de Ricardo Tozzi é sonhadora e traz para o palco um toque de comédia para abrandar o clima denso da peça, em contrapartida a personagem de Reynaldo Gianecchini é mais séria e concisa em suas decisões. Durante o decorrer da peça Gianecchini desconstrói um pouco a rigidez da personagem provocando uma quebra total do clima do espetáculo, direcionando-o quase para uma comédia. Quando o clima e tensão são retomados, os atores acabaram por não conseguir trazer à tona todos os sentimentos e transmitir isso ao público, que a todo instante aguardava mais uma pequena piada.
Apesar dos pequenos detalhes que ressaltei aqui, é um espetáculo que eu aconselho todos a verem, uma história que faz você pensar e refletir até onde estaria disposto ir para atingir seus objetivos pessoais. Vale lembrar também que ambos os atores que conduzem o espetáculo são excelentes e renomados, e por mais que falhem em alguns detalhes conseguem manter uma ótima qualidade.
O espetáculo nesse momento está em cartaz em Lisboa até o dia 17 de dezembro no teatro Tivoli BBVA, como dito antes, tem o custo a partir de 25 euros e os ingressos podem ser adquiridos no próprio teatro e nos websites: www.ticket.pt e www.bol.pt .
Lisboa
Teatro Tivoli BBVA
29 de Novembro a 17 de Dezembro
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