
12 dez UM RESTAURANTE DE LUXO EM LISBOA ONDE SE COME COXINHA E PASTEL DE VENTO COM A MELHOR VISTA DO TEJO
Vamos lá ser sinceros. Quem nunca sentiu saudades da comida de casa justamente quando se estava fora de casa? Principalmente quando se está em outro país e as “lombrigas” (desculpem lá, mas não encontrei palavra melhor) pedem uma comida típida, autêntica e com sabor à terra natal?
Foi neste restaurante que encontrei meu refúgio em meio ao turbilhão de turistas que visitam a zona histórica de Belém. Mas eu gosto mesmo é disso: pequenas-grandes descobertas, coisas giras que não estão nos guias. Ou pelo menos não estavam, até lerem este post (perdão pela modéstia, mas o Senhor Estilo tem alcançado proporções inimagináveis, tem extrapolado todas as barreiras geográficas graças aos meus leitores estilosos que cá estão fielmente, dia sim, dia sim) e descobrirem o meu “escape”.
O espaço e a pintura de Sol Lewitt ao fundo (Foto: Divulgação)
É dos sítios mais giros de Lisboa, ou melhor, Belém. E se calhar, passa despercebido para quem está naquela zona a passeio. Discreto por fora e tão simpático por dentro, o Espaço Espelho D’Água faz jus ao nome e é daqueles sítios que merecem ser descobertos, explorados e revisitados.
O AMBIENTE
A entrada com a calçada portuguesa de Yanamine (Foto: Divulgação)
À primeira vista, este restaurante é lindo. A começar pela localização às margens do Tejo, em Belém, com uma vista de tirar o fôlego do espelho d’agua que dá nome ao sítio e do rio. À entrada, a calçada portuguesa construída a partir de um desenho do artista angolano Yonamine não se deixa passar despercebida. Dentro, o espaço é amplo, arejado e com luz natural a entrar por todos os recantos da sala. As mesas bem espaçadas (va lá, quem aqui não tem pavor de uma mesa ‘grudada’ à outra e a total falta de privacidade quando se está num restaurante e o almoço ou jantar que seria à dois, passa a ser à quatro ou à seis, devido à proximidade das mesas?) e os dois salões, um maior, com mesas “coletivas” para refeições de grupos, e um menor, mais reservado, formam um recanto agradável entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém.
Zona do bar e jardim vertical ao fundo (Foto: Divulgação)
À segunda vista, este restaurante é surpreendente e transpira arte. Para além de restaurante, é um espaço cultural com uma galeria, sala de espetáculos, loja, esplanada, bar, cafetaria e conta ainda com quatro quartos/suítes para hospedar artistas, expositores e performers que colaboram com o espaço por meio do Programa de Residências Artísticas.
Destaque para o jardim vertical de 113m2 projetado pelo designer Michael Hellgreen com mais de 60 espécies de plantas tropicais, situado em torno das quatro paredes da cozinha. E ainda, um painel na parede principal do restaurante, na área mais intimista do Espaço, uma pintura mural de 3,65 x 6,51 m do artista americano Sol Lewitt, datada de 1990, e escondido até que as obras dos últimos meses no Espelho d’Água o devolveram à superfície.
Esplanada e o icónico espelho d’água (Foto: Divulgação)
A EMENTA
Como beleza não se põe à mesa, vamos ao que interessa: a comida. E essa é uma das grandes vantagens do Espelho D’Agua: uma ementa extensa e variada que agrada a gregos e troianos, portugueses, brasileiros e angolanos. É que a carta propõe uma viagem imaginária, com a fusão entre os sabores do Ocidente e do Oriente, inspirada na época das Grandes Navegações. Para elaborar as ousadas receitas, foi escolhida uma chef brasileira, Ana Soares, que fez uma releitura de pratos clássicos portugueses, brasileiros, africanos e asiáticos, o que explica o sabor marcado pelos temperos autêntico destas zonas tropicais.
O SENHOR ESTILO RECOMENDA
Um couvert muito simples mas simpático com pães, azeite com ervas, pasta de grão e azeitonas abrem o apetite para as entradas. E ai a primeira boa surpresa: mini-pastéis de vento, de carne e queijo. Uma massa estaladiça e sequinha com recheio de queijo muito saboroso e de carne desfiada. Acredito que é um dos únicos restaurantes de Lisboa que servem o popular petisco brasileiro. E surpreende! Assim como a coxinha de galinha em massa de mandioca, que é qualquer coisa de espetacular! E deliciosa.
Couvert, 2€ (Foto: Rafa Pires)
Coxinha de galinha, 4€ (Foto: Rafa Pires)
Pastel de vento , 5€ (Foto: Rafa Pires)
Para acompanhar, caipirinha de lima muito fresca e equilibrada. Lembrei-me dos meus fins de tarde à praia no litoral de São Paulo. Tão bom!
De prato principal, mais uma boa surpresa: um Cupim de Boi cozido à perfeição que se desmanchava na boca, com arroz de feijão e uma farofa de broa de milho, bacon e alho, com sabor à Brasil. Uma carne bastante rara por estas bandas e que o chef Rui Araújo apresenta com maestria. Ainda tive estômago para experimentar uma magnífica Moqueca de Peixe, camarão e curgete (abobrinha) com talharim de fubá de milho que era de comer ‘rezando’.
Cupim de boi, 14,50€ (Foto: Rafa Pires)
Vinho tinto alentejano Maria da Penha para acompanhar (Foto: Rafa Pires)
Moqueca, 16€ (Foto: Rafa Pires)
O senhor que vos escreve a degustar um dos pratos da carta (Foto: Rafa Pires)
Para adoçar, um Romeu e Julieta à Espelho D’Água (verrine de creme de queijo e natas com compota de goiba) e um Bolo de Rolo ao cacau com doce de leite, creme inglês de cardamomo e gelado de cachaça, de chorar por mais.
Bolo de rolo, 5€ (Foto: Rafa Pires)
E assim se faz um sítio agradável onde apetece-me a voltar só de pensar. Empregados atenciosos, serviço impecável, pratos surpreendes, vista inspiradora. Sem dúvidas um dos meus restaurantes favoritos em Lisboa, um hostspot a não perder, seja para uma refeição memorável, ou apenas para um café na esplanada-beira-Tejo, com vista de tirar o fôlego do Monumento dos Descobrimentos, Ponte 25 de Abril e Cristo Redentor.
Café na esplanada (Foto: Rafa Pires)
Estão a esperar o que? Despachem-se para o Espelho D’Água e bom apetite! #mustgo
Já agora, uma óptima semana para si.
Ciao.
Espaço Espelho D’Água
Av. Brasília, Edifício Espelho d’Água | + 351 213 010 510 | [email protected]
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